Caramba para isto!!

Pelo título se calhar pareço-vos zangada! E estou... zangada com os vírus, com as bactérias, com as noites mal dormidas, com o facto de, no espaço de duas semanas, ter que sofrer tanto pelos meus filhos. Estou zangada por não poder largar tudo e ficar só com eles porque é de mim que eles precisam!

Já perdi a conta às vezes que fomos ao pediatra estes dias. A Elisa parece que anda a coleccionar vírus! E é incrível! Por muitas vezes que os nossos filhos estejam doentes, parece que o nosso coração nunca está preparado para o sofrimento deles... não é parece, não está mesmo! Coração de mãe sofre mesmo! Coração de pai também! E quando não há ninguém que nos ajude a gerir tudo as coisas são ainda mais difíceis! Não há nenhum dinheiro no mundo que pague a ajuda e o apoio de uma avó quando eles estão doentes! Entre duas laringintes, uma otite e uma gastroenterite que afectou toda a família (sim, fartei-me de vomitar... virei o barco umas 20 vezes no trabalho na quarta-feira passada), e ninguém que nos pudesse amparar, fazer uma canjinha, olhar pelas crianças... sei lá! Têm sido dias demasiado cansativos e intensos. E poças, lembrei-me tantas vezes da minha avó... de como ela cuidava tão bem de mim quando eu ficava doente. A minha mãe podia não ir trabalhar tranquila mas ia muito mais tranquila... faço-me entender?! Não me posso queixar, adoro a D. Rosa, a senhora que toma conta do Duarte e da Elisa, é um amor e trata deles com tanto carinho... como uma avó mesmo. Mas cada vez mais isto é evidente para mim: estamos sozinhos, com duas crianças, num país que não é o nosso e sem ter a quem recorrer. Os miúdos doentes e têm que se levantar na mesma às 6h30 da manhã porque nós não podemos faltar ao trabalho... esta semana já desejei imenso trabalhar a partir de casa. Mas nem sei bem o que poderia fazer aqui na Suiça! Mas já estou por tudo... porque estes dias senti tanto que falhei aos meus filhos, que devia ter ficado com eles. Mas parece que não temos esse direito... parece que não nos dão esse direito nem dão o direito aos nossos filhos de nos ter por perto quando mais precisam! Estes dias tenho questionado tudo... sim, trabalho muito para lhes dar o que eles precisam... mas eles também precisam de mim! 

Quem sente também este vazio, esta dicotomia de emoções?! Quem já passou por estes pensamentos? Conseguiram resolver esta revolta, este sentimento de impotência?! 

Há dias assim...

E ultimamente eu tenho tido muitos dias "assim". Assim... recheados de cansaço, de desânimo... de achar que não estou a cuidar de mim como devia. Só penso em cuidar dos outros. E eu? Vivo para trabalhar e para tentar que as coisas corram pelo melhor com os miúdos. Há dias em que acho mesmo que não consigo dar conta do recado. E ultimamente... esses dias são muitos.

Tinha preparado mais uma das minhas tantas histórias para vos contar... mas tenho andado tão nisto... destes dias assim... que me apeteceu muito soltar este desabafo.

Quantas/quantos de vocês também têm destes... dias assim?! Em que olhamos bem para nós e não nos vemos minimamente como gostaríamos? O espelho tem sido o meu maior inimigo nos últimos tempos. Como se ele me mostrasse que o tempo passa, que o novo dá lugar ao "velho" e que eu não dei ao meu corpo o descanso e o cuidado que ele merecia e pedia. Assim de repente, tenho tantos cabelos brancos... como é que isto aconteceu?! Há 4 anos atrás, um cabelo branco era suficiente para ir a correr pintar o cabelo. Agora deixo rolar... até arranjar meia-horinha para o fazer... e em casa de preferência porque, além de caro que é pintar o cabelo na Suiça, não posso ir para lado nenhum tratar de mim e olhar pelos miúdos ao mesmo tempo. Marido a trabalhar... quem fica com eles? Teria que os levar comigo. Ou pagar para me ficarem com eles uma tarde ou uma manhã.

Isto já para não falar nas unhas. Ontem estava a trabalhar e olhava para as minhas unhas... e pensava: "Meu Deus! Ainda não tirei tempo para mudar o verniz gel. Estão péssimas, que vergonha!". Se calhar ninguém repara... mas eu reparo. Que adianta reparar?! Não tenho tempo para nada. O tempo que me resta divide-se entre levar à escola, fazer almoço, ir buscar à escola, tratar dos sacos para o dia seguinte, fazer o jantar... tratar da roupa! Bolas, e eu?! Eu existo não? Que me adianta pensar nisto se não posso mudar? Tenho mesmo que me conformar. Será? Tenho que pedir desculpa por querer tempo para mim, para tratar de mim?

Sim, eu sei. Se calhar estou a ser fútil com esta história do cabelo, das unhas... mas são coisas que me fazem sentir que cuido de mim. E coisas ainda mais sérias... ir ao médico e vir de lá com uma série de suplementos alimentares e recomendações de mais descanso. Sim, ok. Tenho duas crianças, uma delas ainda amamentada. Como posso eu ter o ferro a bons níveis, como posso eu descansar o suficiente?! Vocês têm soluções para isto? Não falo apenas de cuidar fisicamente... psicologicamente: sair, respirar, descomprimir, gritar... sei lá!

Li no outro dia um estudo que dizia que os pais só recuperam da falta de descanso por que passam com os filhos pequenos, cerca de quatro anos depois. Então estou feita ao bife, como se diz na minha terrra. Vou ser um zombie por mais uns oito anos!!

Sinto que não tenho espaço para mim na minha própria vida. Mais alguém?! Isto melhora?!

Hormonas... para que vos queremos?

Hoje resolvi falar-vos de hormonas... ou melhor... todo o descontrolo que as hormonas podem causar numa mulher e, consequentemente, pôr toda uma casa a arder!!

Antes de mais (e esta é, se calhar, uma informação que vocês dispensavam), estou a escrever este post na casa de banho. Sim... num único momento em que consegui vir à casa de banho quando cheguei do trabalho. Aqui na Suiça existe um dia por semana em que o comércio tem a chamada 'nocturna', que é quando as lojas ficam abertas até um bocadinho mais tarde, para que o pessoal possa fazer as suas compras sossegado, já que ao sábado fecha mais cedo e ao domingo está fechado. Portanto, sendo que trabalho no comércio, ontem cheguei a casa já depois das 21h00. Os miúdos não me viram todo o dia, pelo que não me largaram. Só consegui escrever este post já depois de eles estarem a dormir e... na casa de banho. Bom, às vezes nem na casa de banho tenho sossego... e este é um problema geral das mães e dos pais. Ainda hoje uma seguidora da página de facebook do blog falava sobre isso... e é bem verdade. Nem na sanita estamos sossegados, bolas pah!! E sim, é muito bom ser pai e mãe, é muito gratificante e tal mas... c'um catano, um bocadinho de privacidade no WC dava muito jeito às vezes. 

Passando à frente esta bela conversa... falemos de hormonas. Mexem muito com uma mulher... choramos, rimos, levamos tudo à frente... depende das circunstâncias! Durante a gravidez a coisa é um bocado mais intensificada. Um bocado é favor, diria eu. Qualquer coisa mexe connosco e, na maior parte das vezes, o marido é que leva por tabela. Um dia destes, ao pensar no blog e nesta coisa de ser uma mãe da sociedade moderna, com uma pressão constante em cima dos ombros, sem qualquer apoio, de não ter um dia em que vamos almoçar ou jantar fora em família (alargada) lembrei-me de um dia em que, estando eu grávida do Duarte, me apetecia imenso comer algo bem português sem ter que mexer uma palha (agora tenho uma Bimby mas na altura não tinha), o meu marido fez-me a vontade, vendeu um braço (aqui na Suiça os restaurantes portugueses são caros como tudo) e levou-me a um restaurante para comer um bacalhau com natas. Sentamo-nos numa mesa ao lado de um casal com uma bebé e a avó é que segurava a menina, enquanto os pais comiam. Comecei a olhar, discretamente, a apreciar aquele quadro familiar. Poderia dizer coisas muito bonitas sobre o que ali se estava a passar... uma avó que, ternamente, brincava com a neta, dava-lhe pão... bla bla bla. Só que não... sim, a avó era muito mimosa... mas eu desatei a chorar que nem doida. Assim de repente o meu marido começou a entrar em pânico porque não percebia por que razão eu chorava. E dizia-me: "Ai, não tarda ainda pensam que te trouxe comigo à força. Que trato mal uma mulher grávida! Pára de chorar amor! Que tens?". 

As hormonas continuavam a falar mais alto dentro de mim: "Tu não vais ter nada disto. Vais comer SEMPRE com o teu bebé ao colo. Se conseguires comer... com sorte nem o garfo consegues pôr à boca que ele já está a chorar. Não há cá jantarzinhos de família em que toda a gente quer é o menino para si e tu consegues, finalmente, comer uma refeição quente". E primeiro que eu conseguisse parar de chorar e dizer isto que estava a sentir, para que o pobre do homem se acalmasse também? Foram uns bons 10 minutos de choradeira, que a baba até já me caía no bacalhau. Entretanto, depois de me acalmar, lá consegui dizer: "Olha para esta família aqui ao lado. Nós não vamos ter nada disto!". Pois que... correm as lágrimas ao homem agora! E do nada já estávamos os dois na choradeira. Tudo por causa das hormonas. Sim sim. Que agora não choro assim tão facilmente. E até me sinto um bocadinho tola. Mas é verdade que já estamos hormonais e sensíveis. Depois, paralelamente, sabendo que vamos estar sozinhos na tarefa, quase que se instala todo um pânico.

Pais que me seguem, pais emigrados, pais não emigrados mas que estão e se sentem sozinhos... tudo se faz. Com mais ou menos perfeição... até porque a perfeição, pelo menos na parentalidade, é uma ilusão. E conseguimos comer uma refeição quente, nem que seja (re) aquecida no microondas. Vai ficando mais fácil com o tempo. Quanto às hormonas, não há nada a fazer. São mais fortes que nós. Chorem para a frente que não faz mal nenhum. Às vezes é preciso. E vai continuar a ser preciso. Alivia. E dá força. Chorem sozinhos, chorem juntos. Ou riam, sei lá. Cada um lida com as coisas da melhor maneira que consegue. O importante é conseguirem lidar com tudo o que se está a passar dentro de vocês. Mãe e pai. Porque eles sofrem muito connosco às vezes. Um bem-haja aos pais que estão desse lado... e têm que lidar com hormonas. Agora compreendo que não é pêra doce! :) :)
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A primeira vez...

Que belo título que eu arranjei, hein?! Que já estavam vocês aí a pensar, seus maliciosos?! :)

Hoje escolhi falar-vos da primeira vez que fui mãe, ou melhor, quando conheci realmente a sensação de ter o coração a bater fora do peito... amar incondicionalmente alguém. Hoje escrevo um pouco para todas as mulheres que já passaram por um pós-parto. É todo um processo, na minha opinião, muito complicado. É um caminho que envolve muita aceitação já que comporta muitas mudanças, a nível físico e psicológico. Hoje, vendo as coisas de forma mais clara e experiente, posso afirmar que o  nascimento do Duarte não foi mais do que o meu (re) nascimento. No dia em que tive o meu primeiro filho, nasci de novo. Toda uma nova mulher surgiu ali, no preciso momento em que aquele bebé chorou pela primeira vez. Isto tem todo um ar romântico, quase que se pode ouvir uma bonita música em pano de fundo. Mas... e o resto? E o que se segue? Aquele turbilhão de sentimentos que não se consegue controlar. Como se o mundo nos caísse nas costas. Uma vontade imensa de gritar ao mundo esta felicidade intensa e, ao mesmo tempo, de chorar sem parar porque afinal... caramba, temos cada pedacinho de nós dorido como se nos tivessem partido todos os ossos do corpo. Queremos sentir para sempre aquele cheirinho maravilhoso do nosso bebé e, ao mesmo tempo, sentimos o maior medo do mundo: o medo de não sermos boas mães, de não conseguirmos amamentar o nosso bebé, medo que ele não esteja de boa saúde, que não respire... e os outros medos... aqueles que toda a mulher tem, um pouco tolos mas que fazem parte da nossa feminilidade, que afectam a nossa feminilidade: será que voltaremos à nossa forma, será que o nosso companheiro nos vai ver da mesma forma quando estivermos cansadas, descabeladas, desorientadas?!

Bom, isto é o cenário normal. Até parece caricato dizer isto mas é verdade, é normal. Tudo isto se passa com uma mulher que acaba de ter um filho, faz parte. Na maioria dos casos, é ultrapassável. Claro que, a partir do momento em que nos tornamos pais, a tranquilidade é muito menor (quase nula, diria eu), mas depois de ultrapassada a fase inicial, temos outro estofo para as fases seguintes, penso eu. Agora, quando este cenário se passa fora do nosso país, longe da nossa família, ou seja, fora da nossa zona de conforto... meus amigos, é muito complicado. Tenho um bebé nos braços... ele não pára de chorar... eu estou exausta e dorida... e não tenho ninguém aqui comigo... o que faço? Chamo a enfermeira? Ligo à minha mãe? Ai, estou sozinha... ESTOU SOZINHA!! Por esta altura já as lágrimas me corriam pelo rosto sem que eu conseguisse travá-las. Foi como se me tivesse dado um ataque de pânico quando caí em mim. Lembro-me que a sensação mais estranha que tive nos primeiros dias foi que... queria sair do hospital e não queria. Queria a minha cama, a minha casa, mas não queria. Porque não queria ver-me sozinha com o meu bebé. E se lhe acontecesse alguma coisa, e se eu não fosse capaz de cuidar dele? Não tinha a quem recorrer se alguma coisa corresse mal, não podia chamar a minha mãe ou a minha sogra. Estavam a mais de mil quilómetros de distância!! Era eu... éramos nós! Foi um caminho difícil, desgastante demais. Três dias depois do nascimento do Duarte, o meu marido foi trabalhar. Foi ainda mais difícil. Voltei para casa com um bebé nos braços... completamente só. Estava de tal forma em pânico que não deixava o bebé sozinho nem um segundo. Às vezes o meu marido chegava a casa e eu tinha passado o dia sem comer e sem ir à casa-de-banho. Agora estou a escrever isto e a rir de mim própria... mas na altura parecia-me ridículo sair da beira de um ser tão pequenino a precisar tanto de mim, dos meus cuidados
e da minha vigilância. Acho que, no fundo, nem vivi direito os primeiros dias do meu filho. O meu parto foi avassalador e os dias que se seguiram foram ainda mais difíceis. Eu não soube lidar com o facto de estar sozinha e longe da minha família, num momento em que a retaguarda familiar é tão importante. Alguém que nos traga uma refeição quente, que fique dez minutos com o bebé para podermos tomar banho, trocar de roupa, dormir... sei lá! Eu cresci com os meus avós. Para mim, o que é normal é os avós fazerem parte do crescimento dos netos, ajudarem os filhos neste momento tão gigante na vida deles. Custou-me muito não ter nada disso. E como eu... sei que existem muitas mulheres a passar pelo mesmo. Hoje, a vocês que estão a passar pelo mesmo, quero deixar-vos aqui a certeza de que é possível passarmos por isto sem apoio. É triste, é desgastante... é! Custa muito, dói muito e choramos muito. Mas hoje, mãe de dois filhos, e já tendo passado por tudo isso... consigo garantir-vos que temos uma força imensa... vamos buscá-la aos nossos filhos. Nós mulheres, somos do caraças!! Hoje, estou mesmo certa disso! A sociedade moderna leva a que muitas de nós tenhamos que viver esta realidade... mas nós somos capazes! Não se deixem ir abaixo. Olhem para os vossos bebés e pensam que eles vão crescer e vocês vão ter saudades de quando eles cabiam perfeitinhos no vosso colo. Aproveitem... coragem!! Vai passar, é tudo o que vos posso dizer. Esqueçam a casa, arrumem quando puderem! Durmam quando o bebé dorme e se tiverem que jantar pizzas congeladas duas vezes por semana, que seja. Levem as coisas com tranquilidade, vivam para o vosso bebé, para vocês próprias e para a vossa família. E quando surgirem dúvidas, relaxem, parem, pensem no que precisam vocês e o vosso bebé naquele momento. Nós sabemos sempre o que é melhor para nós e para o nosso bebé. Ao início eu achava isto uma treta. Mas agora percebo que faz sentido e que é mesmo assim. Nunca duvidem nunca de vocês. A pediatra do meu filho uma vez disse-me: "Mãe, você é a médica número um do seu filho. Você sabe melhor do que ninguém quando ele não está bem e precisa de outros cuidados que você não lhe consegue dar". E é tão verdade. O nosso coração sabe. E à falta de outro apoio... oiçam o vosso coração! Sempre.

Sejamos sinceros...

O primeiro post é sempre um post de apresentação, penso eu. Então cá vai:

Olá a todas... e a todos também, porque este é um blog dedicado a mães e pais. Os pais também cuidam dos filhos e quantos estão sozinhos nesta missão. Ser mãe e pai é a melhor coisa do mundo, não há dúvida. Mas há momentos em que nos sentimos cansados, precisamos de nos sentir nós próprios, precisamos de voltar a ser nós e olhar por nós. E nem sempre temos o apoio familiar que gostaríamos, nem sempre temos junto de nós a avó que não se importa de ficar um pouco com as crianças para podermos cuidar de nós, a nível individual e enquanto casal. É exactamente por isso que este blog surge. Mas vou começar do início que já estou a divagar sem antes me apresentar.

Chamo-me Daniela, tenho 32 anos, sou licenciada em Ciências da Comunicação e estou emigrada na Suiça há 6 anos. Sou mãe do Duarte, de 4 anos, e da Elisa, de 1 ano e meio. Os meus filhos nasceram cá na Suiça. Eu saí de Portugal por insatisfação a nível profissional e vim parar à Suiça francesa, onde também não encontrei (ainda) o que me poderia realizar profissionalmente, mas foi aqui que acabei por estabilizar um pouco mais a nível financeiro e pessoal.

Em 2015, quando o Duarte nasceu, aquele cliché que tanto se ouve de: "tudo mudou na minha vida", tornou-se mesmo verdade. Digam o que quiserem, até que sou fraquinha, mas não é fácil adaptarmo-nos a uma nova vida, com um ser pequenino que nos ocupa 200% do nosso tempo e atenção, termos que nos adaptar a uma nova realidade, tendo que lidar ao mesmo tempo, com as mudanças no nosso corpo... é todo um misto de pressões físicas e psicológicas tão avassaladoras pelas quais nenhuma mulher deveria passar sozinha - e sei que muitas mulheres nem o apoio de um marido/pai têm.

Neste início conturbado o apoio familiar é, na maior parte das vezes, muito importante. Pai e mãe, esgotados das noites mal dormidas, de todo um processo de amamentação, de todo um caminho para a criação de novas rotinas e novos hábitos, tudo o que precisam é de umas horas de sono, de uma avó, de uma tia, da madrinha... de alguém que tome as rédeas da casa e do bebé só por umas horas. E quando não se tem isso, faz-se o quê? Aguenta-se. Já numa situação dita, normal, às vezes não há tempo para um banho ou uma refeição quente. Quando não temos quem nos ajude, fazemos o quê? Aguentamos tudo sozinhos. E quando digo sozinhos, falo do casal. Por aqui foi (quase) tudo entre os dois, sendo que o meu marido, a maior parte dos dias, saía de casa para trabalhar às 6h30 da manhã e só voltava às 20h (aqui na Suiça, na altura em que o Duarte nasceu, o pai só tinha direito ao dia do nascimento, agora já são 15 dias na maior parte das empresas - mas isso é assunto para um outro post).

Posto isto, e porque este primeiro post não era para ser muito longo, posso dizer-vos que a Elisa nasceu em 2018 e tudo mudou de novo na nossa vida. Somos duplamente mais felizes... mas a organização e o cansaço também são em dose dupla. Sempre sozinhos. Se precisamos de trabalhar mais horas ou fazer algo que não envolva filhos, temos que pagar alguém para ficar com eles. E este blog é para todos os pais e mães mas, acima de tudo, para aqueles que não têm família à sua volta, que estão esgotados mas não têm escolha nem por um dia. Um espaço de desabafos, dicas e partilha de astúcias. Sejamos as famílias uns dos outros. Eu quero ser a vossa... porque este é, sem dúvida, um "trabalho" onde precisamos de toda a ajuda possível e de falar abertamente das coisas, do que nos perturba e nos cansa nesta vida de pais e mães, porque sim... há quadros que se pintam sobre a paternidade muito surrealistas - é bonito, é o melhor do mundo... é! Mas é também é duro, é muito desgastante e acaba com a nossa tranquilidade. Neste espaço, vou escrever sobre o que é bom... e o que é menos bom. Vamos falar de amamentação, de sonos e cólicas, de trabalhar e ser mãe e pai ao mesmo tempo, mas sempre nesta perspectiva de quem não teve a quem recorrer nos momentos de cansaço extremo. Consegue-se, tudo se consegue. Mas saímos muito desgastados pelo caminho.
Foto - Cláudia Teixeira ESTUDIOARTEPHOTO 
Aqui não há lugar para a hipocrisia porque, sejamos honestos, há muito tempo que já percebi que o mundo não é cor-de-rosa, que nem tudo corre como queremos e a vida... essa rola sem nos pedir satisfações, e temos o direito de nos sentir menos bem com isso... mesmo na paternidade.

Vamos falando... obrigada por me lerem. E vão ficando por aí... precisamos uns dos outros para levar isto para a frente com sucesso, esta coisa de ser mãe e pai! :)


Caramba para isto!!

Pelo título se calhar pareço-vos zangada! E estou... zangada com os vírus, com as bactérias, com as noites mal dormidas, com o facto de, no ...