O primeiro post é sempre um post de apresentação, penso eu. Então cá vai:
Olá a todas... e a todos também, porque este é um blog dedicado a mães e pais. Os pais também cuidam dos filhos e quantos estão sozinhos nesta missão. Ser mãe e pai é a melhor coisa do mundo, não há dúvida. Mas há momentos em que nos sentimos cansados, precisamos de nos sentir nós próprios, precisamos de voltar a ser nós e olhar por nós. E nem sempre temos o apoio familiar que gostaríamos, nem sempre temos junto de nós a avó que não se importa de ficar um pouco com as crianças para podermos cuidar de nós, a nível individual e enquanto casal. É exactamente por isso que este blog surge. Mas vou começar do início que já estou a divagar sem antes me apresentar.
Chamo-me Daniela, tenho 32 anos, sou licenciada em Ciências da Comunicação e estou emigrada na Suiça há 6 anos. Sou mãe do Duarte, de 4 anos, e da Elisa, de 1 ano e meio. Os meus filhos nasceram cá na Suiça. Eu saí de Portugal por insatisfação a nível profissional e vim parar à Suiça francesa, onde também não encontrei (ainda) o que me poderia realizar profissionalmente, mas foi aqui que acabei por estabilizar um pouco mais a nível financeiro e pessoal.
Em 2015, quando o Duarte nasceu, aquele cliché que tanto se ouve de: "tudo mudou na minha vida", tornou-se mesmo verdade. Digam o que quiserem, até que sou fraquinha, mas não é fácil adaptarmo-nos a uma nova vida, com um ser pequenino que nos ocupa 200% do nosso tempo e atenção, termos que nos adaptar a uma nova realidade, tendo que lidar ao mesmo tempo, com as mudanças no nosso corpo... é todo um misto de pressões físicas e psicológicas tão avassaladoras pelas quais nenhuma mulher deveria passar sozinha - e sei que muitas mulheres nem o apoio de um marido/pai têm.
Neste início conturbado o apoio familiar é, na maior parte das vezes, muito importante. Pai e mãe, esgotados das noites mal dormidas, de todo um processo de amamentação, de todo um caminho para a criação de novas rotinas e novos hábitos, tudo o que precisam é de umas horas de sono, de uma avó, de uma tia, da madrinha... de alguém que tome as rédeas da casa e do bebé só por umas horas. E quando não se tem isso, faz-se o quê? Aguenta-se. Já numa situação dita, normal, às vezes não há tempo para um banho ou uma refeição quente. Quando não temos quem nos ajude, fazemos o quê? Aguentamos tudo sozinhos. E quando digo sozinhos, falo do casal. Por aqui foi (quase) tudo entre os dois, sendo que o meu marido, a maior parte dos dias, saía de casa para trabalhar às 6h30 da manhã e só voltava às 20h (aqui na Suiça, na altura em que o Duarte nasceu, o pai só tinha direito ao dia do nascimento, agora já são 15 dias na maior parte das empresas - mas isso é assunto para um outro post).
Posto isto, e porque este primeiro post não era para ser muito longo, posso dizer-vos que a Elisa nasceu em 2018 e tudo mudou de novo na nossa vida. Somos duplamente mais felizes... mas a organização e o cansaço também são em dose dupla. Sempre sozinhos. Se precisamos de trabalhar mais horas ou fazer algo que não envolva filhos, temos que pagar alguém para ficar com eles. E este blog é para todos os pais e mães mas, acima de tudo, para aqueles que não têm família à sua volta, que estão esgotados mas não têm escolha nem por um dia. Um espaço de desabafos, dicas e partilha de astúcias. Sejamos as famílias uns dos outros. Eu quero ser a vossa... porque este é, sem dúvida, um "trabalho" onde precisamos de toda a ajuda possível e de falar abertamente das coisas, do que nos perturba e nos cansa nesta vida de pais e mães, porque sim... há quadros que se pintam sobre a paternidade muito surrealistas - é bonito, é o melhor do mundo... é! Mas é também é duro, é muito desgastante e acaba com a nossa tranquilidade. Neste espaço, vou escrever sobre o que é bom... e o que é menos bom. Vamos falar de amamentação, de sonos e cólicas, de trabalhar e ser mãe e pai ao mesmo tempo, mas sempre nesta perspectiva de quem não teve a quem recorrer nos momentos de cansaço extremo. Consegue-se, tudo se consegue. Mas saímos muito desgastados pelo caminho.
Aqui não há lugar para a hipocrisia porque, sejamos honestos, há muito tempo que já percebi que o mundo não é cor-de-rosa, que nem tudo corre como queremos e a vida... essa rola sem nos pedir satisfações, e temos o direito de nos sentir menos bem com isso... mesmo na paternidade.
Vamos falando... obrigada por me lerem. E vão ficando por aí... precisamos uns dos outros para levar isto para a frente com sucesso, esta coisa de ser mãe e pai! :)